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segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Chique é ser gentil

     Pode suspirar porque a ideia é linda e romântica... Um amigo, querendo reatar um namoro, mandou um buquê de rosas colombianas para a ex, com um cartão super inspirado. Pra quem não sabe, essas flores são maiores, duram mais e têm cores únicas e intensas. Ele fez tudo isso correndo, antes de ir para o trabalho. A moça deve ter ficado, no mínimo, lisonjeada com a doce tentativa de reconciliação. Ainda que o buquê chegasse sem qualquer bilhete, a mensagem é muito direta: “Você é importante pra mim.”
     A declaração de amor me fez lembrar de um conceito que vi aqui na Internet sobre elegância afetiva. Sim, os relacionamentos também têm sutilezas que dispensam palavras, promessas vazias ou elogios fáceis. Pequenos gestos, como um carro limpo pra receber sua companhia... Abrir a porta é opcional, mas não deixa de ter seu charme quando feito por delicadeza e não por convenção. Não todo dia pra não desgastar a atitude, mas ser gentil nunca saiu de moda.
     Você não precisa pedir o telefone da mulher que acaba de conhecer, muito menos tem qualquer obrigação de ligar pra ela. Mas, se disser que vai ligar, é feio não cumprir... Deixar mensagens sem resposta – no celular, por e-mail ou qualquer outra forma de contato – é o cúmulo da deselegância. Mesmo se o celular for de cartão, compre logo os créditos, se não quiser perder a credibilidade. Só não vale desmarcar compromissos por torpedo. As mulheres, que só fingem que são ingênuas, entendem muito bem que o motivo não deveria ser tão justificável assim e que é mais fácil descartar dessa forma.
     Nós trabalhamos e assumimos nossas contas. Por isso mesmo, não queremos ser folgadas e depender do cartão do namorado. Mas se oferecer, de vez em quando, para pagar o jantar – ou, pelo menos, o refrigerante - é um ato generoso e que mostra o belo cavalheiro que você é. Ou será que essa palavra já não existe mais no dicionário?
     E, pra não dizer que estou sendo parcial, vamos aos deslizes femininos. Precisamos segurar a curiosidade, morder a língua e não deixar o moço acuado com tantas perguntas nos primeiros encontros. Sei, por experiência própria, o quanto isso pode ser difícil, mas não custa tentar... E a mania que as mais ciumentas têm de vasculhar celulares, e-mails e mensagens nas redes sociais? Cuidado! Você pode ser a mulher mais linda, pisando nos saltos mais altos. Se for indiscreta... Também não vale ficar expondo o companheiro em público, fazer aquelas brincadeiras que deixam a pessoa sem graça ou rebater, o tempo todo, as opiniões do seu amado. Saber ouvir é tão chique...
     Terminou uma relação? Homens ou mulheres: pensem em quem esteve do seu lado durante tanto tempo. Não custa dar um prazo de carência, antes de aparecer com o novo amor nos antigos ambientes que o ex ainda frequenta. Não é por caretice. É só uma forma de reconhecer o que houve entre os dois. Gratidão também é gentileza.
     Não quer mais ou não gostou? Fale com todas as letras antes de desaparecer. Sinceridade, nessas horas, não é grosseria. É coisa de fino trato. E, já que falei de términos, vou falar também de começos. A forma de se aproximar de alguém pode ser delicada e criativa. Elegância afetiva é olhar com admiração, procurar se interessar de verdade pela pessoa que se apresentou no seu caminho. E fazer por ele ou por ela tudo aquilo que demonstre o sentimento. Se a declaração vier com rosas colombianas, melhor ainda!

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Coisas que só mulheres entendem

Que TPM deixa a gente inchada, irritada e com uma vontade incontrolável de comer chocolate.

Que, depois do humor alterado e das cólicas, ficam as espinhas.
     
Que cabelo não combina com umidade, exceto para as que fizeram escova progressiva ou tratamentos com nomes mais modernos.

Que mãos quentes provocam bolinhas no esmalte e que basta uma bolinha pra você não desgrudar os olhos daquele defeito gritante que ninguém mais enxerga.

Que a gente acorda linda, em alguns dias, e feia em outros. E nada mudou tão radicalmente entre um dia e outro.

Que chorar dói, mas clareia os olhos e a alma.
     
Que abrir o coração para uma amiga de verdade tira alguns quilinhos extras dos ombros.

Que nossa força vem disfarçada de fragilidade.
     
Que ouvir um elogio, logo que você acorda e está toda despenteada e sem maquiagem, vale por muitos “eu te amo”.
     
Que ouvir “eu te amo” deixa a gente muito confusa, mas não ouvir confunde ainda mais.
    
Que namorar uma roupa na vitrine gera imediatamente uma imagem na cabeça.
     
Que um bom doce faz um bem incrível pra alma quando ela está começando a amargar.
    
Que acreditar nos astros, nas cartas ou nos búzios é uma forma de ter sempre esperança.
    
Que mudar a cor do cabelo, o corte, ser “camaleoa” é tentar fugir da mesmice.
    
Que um filho é sempre um lindo projeto, mas existem vários lindos projetos na vida que podem se tornar nossos “filhos”.
    
Que os homens olham outras mulheres quando estão com a gente. Quando conseguem disfarçar, ganham muitos pontos. Como quase nunca conseguem, a gente se sente sempre uma gata borralheira, por mais bonita que esteja.
     
Que, por mais que se negue a existência do príncipe encantado, sempre achamos que vai aparecer um logo ali na esquina pra provar que estávamos enganadas.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Fome do trivial

     Entrei em casa com uma fome daquelas. Não uma fome de qualquer comida. Era fome de salada, vontade rara, muito diferente dos meus desejos frequentes de comer picanha, massas, doces e, especialmente, chocolate. Estava mal alimentada, voltando de uma viagem a trabalho em que não sobrou muito tempo para as refeições. Na geladeira, rúcula e tomates. Mas meus olhos brilharam quando achei um vidrinho de aspargos na prateleira. Foi saboreando aquela delícia tão suave que pensei em outras do tipo: champignon, chuchu, melão. Um sabor tão leve que é quase a falta de sabor...  Leveza pra acalmar o paladar. 
     Logo eu, que amo uma pimentinha, estava ali comendo com a maior boca boa, achando tudo muito especial. E aí entendi: pra reconhecer um extremo, é preciso ter estado no outro. Ter parâmetros para a comparação. Eu só sei o que é picante porque já provei a suavidade. Os contrastes que esclarecem. É na ausência que se descobre a saudade. É na falta de gosto que se encontra um sabor novo. Esmalte branco pra descansar do vermelho. Amigo silencioso pra você se recuperar da necessidade de falar o tempo todo.
     E é essa variedade que não nos deixa enjoar até do que é muito bom. Sim, mesmo o que é gostoso acaba perdendo a graça com a repetição. E, quanto mais exótico, mais a gente quer o trivial. Quem aguenta comer pratos sofisticados todos os dias? Nosso velho e bom arroz-com-feijão faz falta. Traz equilíbrio.
     A rotina também tem seus atrativos. Um dia, um amigo muito engraçadinho, disse: “Mulher da gente é como chuchu. Não tem gosto de nada”. Ok. Talvez ele estivesse se referindo apenas à monotonia do casamento. Mesmo assim, fiquei brava, em solidariedade à esposa do digníssimo e ao chuchu tão desprezado. Deixando de lado o machismo do meu colega, acho que ele se esqueceu de completar que precisa daquele guisadinho todos os dias pra sentir que a vida está normal, sem sobressaltos. E que, se tudo estava meio insosso, é porque ele também havia se esquecido do tempero.
     Como um ingrediente delicado, existem pessoas de presença discreta, que não precisam chamar a atenção, mas fazem toda a diferença quando misturadas ao grupo. Como numa receita culinária, são elas o ponto de contraste. Aquele detalhe que não provoca alterações significativas, mas que, apesar de sutil, é essencial pra deixar a comidinha do dia-a-dia com sabor de quero mais.