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segunda-feira, 25 de julho de 2011

Coisas que só mulheres entendem

Que TPM deixa a gente inchada, irritada e com uma vontade incontrolável de comer chocolate.

Que, depois do humor alterado e das cólicas, ficam as espinhas.
     
Que cabelo não combina com umidade, exceto para as que fizeram escova progressiva ou tratamentos com nomes mais modernos.

Que mãos quentes provocam bolinhas no esmalte e que basta uma bolinha pra você não desgrudar os olhos daquele defeito gritante que ninguém mais enxerga.

Que a gente acorda linda, em alguns dias, e feia em outros. E nada mudou tão radicalmente entre um dia e outro.

Que chorar dói, mas clareia os olhos e a alma.
     
Que abrir o coração para uma amiga de verdade tira alguns quilinhos extras dos ombros.

Que nossa força vem disfarçada de fragilidade.
     
Que ouvir um elogio, logo que você acorda e está toda despenteada e sem maquiagem, vale por muitos “eu te amo”.
     
Que ouvir “eu te amo” deixa a gente muito confusa, mas não ouvir confunde ainda mais.
    
Que namorar uma roupa na vitrine gera imediatamente uma imagem na cabeça.
     
Que um bom doce faz um bem incrível pra alma quando ela está começando a amargar.
    
Que acreditar nos astros, nas cartas ou nos búzios é uma forma de ter sempre esperança.
    
Que mudar a cor do cabelo, o corte, ser “camaleoa” é tentar fugir da mesmice.
    
Que um filho é sempre um lindo projeto, mas existem vários lindos projetos na vida que podem se tornar nossos “filhos”.
    
Que os homens olham outras mulheres quando estão com a gente. Quando conseguem disfarçar, ganham muitos pontos. Como quase nunca conseguem, a gente se sente sempre uma gata borralheira, por mais bonita que esteja.
     
Que, por mais que se negue a existência do príncipe encantado, sempre achamos que vai aparecer um logo ali na esquina pra provar que estávamos enganadas.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Fome do trivial

     Entrei em casa com uma fome daquelas. Não uma fome de qualquer comida. Era fome de salada, vontade rara, muito diferente dos meus desejos frequentes de comer picanha, massas, doces e, especialmente, chocolate. Estava mal alimentada, voltando de uma viagem a trabalho em que não sobrou muito tempo para as refeições. Na geladeira, rúcula e tomates. Mas meus olhos brilharam quando achei um vidrinho de aspargos na prateleira. Foi saboreando aquela delícia tão suave que pensei em outras do tipo: champignon, chuchu, melão. Um sabor tão leve que é quase a falta de sabor...  Leveza pra acalmar o paladar. 
     Logo eu, que amo uma pimentinha, estava ali comendo com a maior boca boa, achando tudo muito especial. E aí entendi: pra reconhecer um extremo, é preciso ter estado no outro. Ter parâmetros para a comparação. Eu só sei o que é picante porque já provei a suavidade. Os contrastes que esclarecem. É na ausência que se descobre a saudade. É na falta de gosto que se encontra um sabor novo. Esmalte branco pra descansar do vermelho. Amigo silencioso pra você se recuperar da necessidade de falar o tempo todo.
     E é essa variedade que não nos deixa enjoar até do que é muito bom. Sim, mesmo o que é gostoso acaba perdendo a graça com a repetição. E, quanto mais exótico, mais a gente quer o trivial. Quem aguenta comer pratos sofisticados todos os dias? Nosso velho e bom arroz-com-feijão faz falta. Traz equilíbrio.
     A rotina também tem seus atrativos. Um dia, um amigo muito engraçadinho, disse: “Mulher da gente é como chuchu. Não tem gosto de nada”. Ok. Talvez ele estivesse se referindo apenas à monotonia do casamento. Mesmo assim, fiquei brava, em solidariedade à esposa do digníssimo e ao chuchu tão desprezado. Deixando de lado o machismo do meu colega, acho que ele se esqueceu de completar que precisa daquele guisadinho todos os dias pra sentir que a vida está normal, sem sobressaltos. E que, se tudo estava meio insosso, é porque ele também havia se esquecido do tempero.
     Como um ingrediente delicado, existem pessoas de presença discreta, que não precisam chamar a atenção, mas fazem toda a diferença quando misturadas ao grupo. Como numa receita culinária, são elas o ponto de contraste. Aquele detalhe que não provoca alterações significativas, mas que, apesar de sutil, é essencial pra deixar a comidinha do dia-a-dia com sabor de quero mais.